A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, afirmou que o Brasil ainda é um país muito preconceituoso e não atingiu a igualdade de direitos para homens e mulheres. A declaração ocorreu na última segunda-feira (29.05) ao participar uma palestra no Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), em São Paulo,
Durante a fala, a ministra retratou sua indignação ao afirmar que as mulheres ainda não conseguiram atingir o patamar de serem consideradas iguais aos homens, apenas por serem mulheres. Ela destacou que dentro dos Tribunais há muito preconceito, e é explícito por haver tribunais brasileiros sem mulheres em sua composição, mesmo que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tenha as mulheres como maioria, e em condições para exercer cargos importantes.
“Nós, mulheres, ainda não conseguimos atingir o patamar de sermos normalmente consideradas iguais. Eu sou juíza do Supremo Tribunal Federal e há preconceito. Há preconceito nos tribunais, nós temos tribunais que não tem uma mulher compondo, e nós somos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a maioria de advogadas. Nós tivemos uma procuradora-geral da república, sendo que várias estão em condições e poderiam aceder ao cargo”, relatou.
Cármem Lucia disse que considera o preconceito contra as mulheres uma doença, por considerarem que uma mulher vale menos só por ser do sexo feminino, e que a luta feminina deve continuar para que essa doença seja tratada.
“Nós temos um número enorme de mulheres, a luta é enorme, e tem que continuar mesmo. Não é porque nós não temos hoje que nós não teremos amanhã. Temos que continuar para a gente curar uma doença, e eu acho que é uma doença achar que uma mulher vale menos pelo o que ela é. Ela é um ser humano de sexo feminino”, afirmou.
A ministra brincou durante o discurso e destacou que o homem tem força física para realizar algumas atividades que dependem disso, mas, não conseguem fazer coisas simples do dia a dia.
“Para algumas atividades, um homem tem mais força física, e depende de força física. Eu costumo brincar que na hora da gente pôr a toga (vestimenta do magistrado), especificamente, você amarra atrás, e nos tribunais geralmente tem alguém que ajuda, e eu falo ‘não precisa, eu me visto super bem sozinha’. Nós sabemos mais, o poder é feminino, vocês nos tiraram isso. Nós sabemos amarrar aqui atrás porque desde os 12 anos nós temos roupas que se fecham atrás, nós usamos sutiã que é fechado atrás”, disse a magistrada.
Ela ainda declarou que os homens tiraram o poder das mulheres, mas que mesmo assim, elas estão correndo para conseguir voltar, pois, conforme a magistrada, o poder, justiça, liberdade e até mesmo a constituição é feminina.
“Eu brinco que a coroa é feminina. Tiraram a coroa da gente, a gente arrumou um arco, arrumamos uma coisa para colocar no cabelo e nem precisa de espelho para saber colocar. Vocês, para colocar uma beca, uma toga, tem que ter alguém ajudando, porque senão, não entra de jeito nenhum. O poder é feminino, a justiça feminina, a liberdade é feminina, a constituição é feminina”.
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